Só existe uma maneira de fazer bem alguma coisa, qualquer que ela seja: treinando. Treinando muito. O que muitos chamam de talento ou dom, eu chamo de trabalho.
De toda a repercussão que gerou a entrevista para a Folha Dirigida, este foi sem dúvida o ponto mais polêmico. Muitos amigos comentaram que concordam com tudo o que eu disse, menos com este ponto. "Ah, tudo bem que o trabalho e a dedicação são fundamentais, mas você tem que concordar que uns têm mais facilidade do que outros".
Sim, claro que uns têm mais facilidade que outros. Mas rejeito a explicação de que isso ocorre porque "já nascem com essa aptidão natural". Toda facilidade de hoje é resultado do trabalho de ontem. Acontece que sabemos tão pouco sobre como funciona nosso cérebro que é difícil identificar exatamente quais trabalhos mentais geram essa facilidade.
Por exemplo, hoje a educação infantil reconhece a fundamental importância da motricidade para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Isso indica que o tipo de atividade física que fizemos em nossas brincadeiras de infância tem influência em como nosso cérebro se desenvolveu, podendo explicar, em parte, por que temos mais aptidão para certas coisas.
Minha intenção em expor essa especulação é chegar à seguinte ideia: se a facilidade é adquirida mediante trabalho, seja como for, então você pode adquirir facilidade no que quiser desde que trabalhe o suficiente para isso.
A difundida crença no talento gera uma acomodação típica e muito nociva: a noção de que nascemos ou não com aptidão para isto ou aquilo, e devemos aceitar essa condição para o resto da vida. A suposta "falta de talento" torna-se a desculpa perfeita para sequer tentar aprender algo. É uma maneira de sentir-se confortável com a mediocridade, com amplo apoio da sociedade.
Aliás, é esse apoio da sociedade que transforma em "ameaça" pessoas como nós, que não aceitamos nossa suposta "falta de talento" e trabalhamos duro para melhorar e superar metas ambiciosas aparentemente impossíveis. É o motivo pelo qual vestibulandos e concurseiros às vezes escutam, de amigos ou familiares, frases do tipo: "Tem certeza de que vai mesmo tentar isso? Não é melhor você escolher alguma coisa mais fácil não?"
Em psicologia, isto é conhecido como sombra. Nossa ousadia incomoda aqueles que já aceitaram sua própria condição mediana e lutaram para enterrar todos os seus impulsos e desejos de grandeza, aceitando explicações perfeitamente lógicas como: "isso é pra quem tem mais talento / tempo / dinheiro / inteligência / oportunidades / sorte / … do que eu". Se você ousa onde eles não ousaram, e vence, será uma prova de que estiveram errados esse tempo todo, e isso é quase insuportável para alguns.
Por outro lado, se você ousa e "fracassa", estará reforçando a ideia de que é melhor aceitar nossas aparentes limitações e nem tentar ir além. Mas, como todos os que tiveram a extraordinária experiência de trabalhar por si mesmos em busca de metas grandiosas sabem, é impossível fracassar. Atingir ou não a meta é muito menos importante do que experimentar a transformação proveniente do tentar. Este conceito já foi dito e repetido por inúmeros mestres em diferentes culturas, portanto me limitarei a usar apenas uma frase feita: "O fracasso não é cair, mas deixar de se levantar".
É curioso como o conceito de talento parece sempre estar associado a uma terceira pessoa, quizás a uma segunda pessoa, mas dificilmente à primeira pessoa, não é? Quero dizer, é muito comum ouvirmos "Ele tem talento", um pouco menos comum ouvirmos "Você tem talento" (dito a nós ou a outros), mas quase impossível ouvirmos "Eu tenho talento". Por quê?
Estamos cercados de exemplos de pessoas que realizaram o extraordinário através de trabalho e dedicação, superando inúmeras dificuldades ao longo do caminho. A pouca exposição deste tipo de história na mídia, em minha opinião, deve-se ao desconforto subconsciente que geram na maioria das pessoas. Ao contrário, as pessoas aceitam muito melhor as típicas histórias de vidas transformadas através de um "golpe de sorte" como ganhar na loteria ou encontrar um príncipe encantado.
Se você não acredita em talento, perde uma excelente desculpa para aceitar sua condição atual e deixar de trabalhar para melhorá-la. E isto é ótimo! Você passa a se permitir tentar se superar, ir além. E começa, inevitavelmente, a surpreender a si mesmo.
Ou seja, talvez eu esteja enganado, e essa coisa de talento ou dom realmente exista, não sei. O que eu sim sei é que esta forma de pensar, de que todo talento é proveniente de trabalho, é mais útil. Porque nos estimula a agir, e ação gera movimento, transformação. Pensar assim nos impulsiona a melhorar.
Assim, pode ser que chegue o dia em que a existência do talento seja cientificamente comprovada. Quando, e se, isso acontecer, por favor,
não me avisem.
Oi Luciano,
ResponderExcluirPostagem muito interessante!
Eu só gostaria de acrescentar que, na minha opinião, para realizar algo é muito mais relevante QUERER fazê-lo do que simplesmente ter talento ou não. Você mesmo já disse isso em várias oportunidades, e no fundo a questão do talento acaba ficando relativamente irrelevante.
De fato, toda vez que alguém elogia algo que faço, a primeira coisa que costuma vir à minha cabeça (e geralmente é a minha resposta) é "obrigado, deu trabalho para ficar bom".
Porque, pensando concretamente, as coisas são fruto de trabalho, não de talento. Não adianta ter boas ideias se elas não são colocadas em prática.
Oi Luciano. Fico feliz por ler de novo um comentário mais filosófico.
ResponderExcluirMas vamos lá: apesar de não concordar contigo em um ponto que parece ser o principal, minha admiração por você só aumenta e vou lhe explicar o motivo.
Eu defendo uma tese um pouco difundida por aí que diz que 90% é transpiração e 10% é inspiração. E esses 10% de inspiração até podem ser melhorados com o tempo e com o trabalho sim. Mas tenho absoluta certeza que uns nascem com certas habilidades mais que outros. Não gostei muito do termo absoluto que usei :-)
Voltando a admiração maior por você, eu o vejo como um professor e principalmente como um educador de inenarrável talento. Isso está em você. Você tem esse dom sim e o melhorou ainda mais com o tempo. Não diga que não tem. É até uma heresia :-) Mas, mesmo assim, você faz questão que acreditemos que você não o tem e que tudo que conquistou foi apenas e tão somente pelo seu trabalho.
Eu sei que você trabalha muito, trabalha duro. E é por isso que o admiro tanto. E você fazer questão de dizer que não tem esse dom mostra muita humildade. Isso é louvável. Só que eu não acredito em você, pelo menos nisso. Você tem muitíssimos dons. Você uma pessoa super dotada. E não falo desses testes de QI não. Falo de algo muito mais generalizado.
Você defende o trabalho. O seu nome é trabalho (lembrei agora do Moreira Franco, cruz credo!). Mas não faça de conta que você é igual a todo mundo. Primeiro que ninguém é igual a ninguém. E segundo que existem gênios sim. Sem qualquer generosidade da minha parte, eu o considero um gênio da matemática e de outras coisas mais.
Mas deixa eu falar um pouquinho sobre uma outra coisa que me parece mais clara. Eu, por exemplo, tenho o dom de cantar. Fiz duas aulas de canto, mas nunca estudei nada sobre o assunto, porque não quis ganhar a vida cantando. Se quisesse talvez conseguisse, porque, segundo essa minha professora de duas aulas eu ía até a última oitava da voz masculina (canto músicas do Pavorotti (saudades)) que é uma beleza.
Ah! E também tenho um falsete excelente. Chego a uma nota feminina que poucos homens chegam. Quero ver alguém cantar melhor como a Tetê Espíndola do que eu. Mas eu não quis seguir.
Tem muito cantor por aí que estudou muito, treinou muito e que não canta melhor que eu. Tem uns, como o maravilhoso Chico Buarque, que é um letrista fantástico, mas que não canta absolutamente nada.
Enfim, eu poderia falar sobre as características inatas dos seres humanos e até de coisas mais discutíveis, como a reencarnação (que para mim é bastante factível). Mas prefiro me ater apenas no que eu vivi até hoje e nos exemplos que todos os dias me são mostrados.
Trata-se de uma excelente discussão. Mas creio que poucos vão concordar com a sua tese. Apesar de ser uma tese muito bonita e bastante humilde.
PS: Se você me instigar teria muito mais coisas a falar sobre o assunto. Isso dá conversa para um dia inteiro e ao vivo. Que tal propormos discussões filosóficas no Elite? Quem quisesse participar seria muito bem vindo. Eu, certamente, participaria. Fica a sugestão.
Grande abraço meu amigo.
Rufino
Muito interessante esse texto. É muito mais útil a pessoa não se acomodar e procurar melhorar sempre, trabalhando arduamente para obter resultados positivos. Do que se acomodar baseando-se na ideia de ser talentoso ou ter nascido com dons.
ResponderExcluirTudo que é feito com gosto resulta em algo melhor!
Muito bom o texto! Sugiro uma lida nessa reportagem:
ResponderExcluirhttp://blog.eco4planet.com/2010/10/estudo-mostra-que-cansaco-mental-e-apenas-uma-impressao/
,que também tem a ver com a idéia, e mostra como nossas crenças, de fato, afetam nosso trabalho.
Além de ser um gênio na arte de filosofar, quer mostrar que é genial na arte de filosofar!! rss :)
ResponderExcluirÉ realmente admirável e encantador!!! Além de ser genial como matemático, ainda dá um show na arte de filosofar!!! rss Tem um ditado parecido com o que vou escrever, mas fiz umas adaptações para você, digo: ¨tem pessoas que entram nas nossas vidas e NUNCA saem do nosso coração!!¨
ResponderExcluirParabéns pelo homem lindo que vc é, pelo professor verdadeiramente educador e pela genialidade e humildade que você tem!!!!
Lendo este texto muita coisa foi me passando na memória, como eu era bom de futebol quando era criança (brincava de bola todos os dias) hoje quase não jogo e quando jogo é melhor nem comentar.
ResponderExcluirComo eu tive dificuldade na 1ª lista de exercícios do PAPMEM 2011 (formei em 2006 e meio que estacionei os “estudos”), mas depois com o treino as outras listas foram aparecendo soluções, e hoje a primeira questão da prova resolvi e só depois fui ver a propriedade escondida na pergunta (a circunferência de raio r só intercepta o eixo OX se r>= ao modulo de b sendo o b a ordenada do centro da circunferência). Muito bom foi participar desse curso e agora ler um texto deste, isso só faz aumentar minha esperança que com treino e consiga um dia lecionar como você (se me permite) e os outros professores que ministraram aulas nesse PAPMEM.
Parabéns !!! esse texto me fez ver que a cada dia podemos melhorar mais.
Pode até existir o “talento” mas com certeza sem trabalho não se vai há lugar nenhum
Como comecei com futebol vou terminar com ele, como sãopaulino que sou. Já dizia Muricy: “Isso é Trabalho meu filho”
Bom dia.Sou aluno da Unidade de Bangu,eu sei que probabilidade do Sr lembrar de mim, tende ao zero mais espero que no fim do ano o Sr. escute que alguem da unidade de bangu conseguiu alcançar seu objetivo,Eu sei que sua palestra ja tem algum tempo mas só tive tempo de ver seu blog agora e com calma.E queria agradecer . . .por poder passar suas experiencias de vida, porque provavelmente o Sr. também já deve ter escutado que o que senhor sabe também era dom, e o sr provavelmente lembro de quantas horas o Sr estudou afinco até fica num nivel de conhecimento alto em relaçao aos outros que fizeram esse comentarario. Acho que só, sempre que puder estarei lendo o blog e comentando ,as volterei no seu blog só para ler esse texto de novo. para que eu possa sempre me focar. Muito Obrigado
ResponderExcluirO interessante ou desestimulante, é que nós só tomamos conhecimento do sucesso atingido de outras pessoas ao redor de nós. Quando estou depressivo, me esforço para enxergar que não sou o único que já fracassei, tentando desmitificar essa sensação de perseguição como se fosse um karma inerente exclusivamente a mim.
ResponderExcluirMas o fracasso surge outra vez, porque vejo todos interpretando pessoas imbatíveis, sem problemas. Se eu toco no assunto, o círculo de amigos se emudece, poucos compartilham do sofrimento alheio, e aquele que desabafa fica em uma situação de constrangimento, um lazarento o qual teve uma praga rogada em sua vida.
Talento, eu acho irônico. Quando li a biografia de alguns matemáticos, a palavra talento, para mim, perdeu o sentido usual, comum. Talento, na verdade, é obstinação daquilo que despertou o interesse principalmente na infância ou na juventude, foi-se cultivando aquela ideia por muitos anos. Seria terrorismo psicológico para uma criança que desde os 5 anos pensa em ser médico chegar aos 18 e alguém tentar obrigá-lo a ser engenheiro, por exemplo.
E facilidade não significa desleixo nem serenidade, mas tolerância quando as dificuldades surgem. Utilitarismo e imediatismo para qualquer que seja a área escolhida sempre termina mal, porque nem tudo é útil o tempo todo, e todo fim de tudo possuem coisas "aparentemente inúteis" durante o meio, que infelizmente perduram por muito tempo antes de chegarem ao fim.
Muito motivador.
ResponderExcluirConceito primitivo: Trabalho
Definição: Dom é a qualidade que foi adquirida sem trabalho.
Axioma: Ninguem nasce com dom.
Postulado: Toda qualidade é adquirida mediante trabalho e somente por ele.
A partir dai resultam os lemas e teoremas que dão base para evolução na vida.
Parabéns Luciano!
olá luciano esse texto me motivou ainda mais,me deu mais confiança e ainda quero te agradecer pessoalmente...depois de ler esse texto as coisas ficaram bem mais claras para mim.sou o drian da turma ime/ita do valqueire ...um grande abraço...
ResponderExcluiroo que bom querida anonima
Excluirapreciei todas as respostas....e tornei-me uma admiradora deste blog.bjs
ExcluirOlá, Luciano; O texto é muito bom. É uma grande receita para se chegar ao sucesso, Trabalho!!
ResponderExcluirsobre esse assunto temos o seguinte:
Vocação e Dom
Bock:
“a vocação do ser humano é exatamente não ter vocação nenhuma. Explicitando um pouco tal afirmação, queremos dizer que em se tratando da historia do ser humano, desde o seu surgimento até agora, o que diferencia o homem de todos os outros animais é exatamente sua não especialização (biológicas) para nenhuma atividade especifica.”
Oi, luciano; gostei muito do seu texto, além de ser filosófico é muito motivador.
ResponderExcluirEu sou uma dessas pessoas que ama aprender mais,
e as vezes quando acho que não vou conseguir aprender algo fico decepcionada. Mas depois do que li agora... concordo com voce, para chegar a uma conclusão é necessário muito trabalho!
Olá, Luciano. Esse é o primeiro texto que eu li no seu blog que acabei de descobrir... e ainda bem que eu descobri esse blog!
ResponderExcluirParabéns pelo texto.
:)
Sou victor estudo na Escola Municipal Francis Hime e assisti sua palestra.
ResponderExcluirAdorei o seu texto,e também adorei o seu blog, porque o seu blog ensina muitas coisas interessantes para mim e para todas as crianças e adolescentes interressados pelos estudos
Obrigado Victor,
ExcluirAprendi muito com minha visita a sua escola. Vocês e seus professores estão de parabéns! Obrigado por prestigiar o blog.
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ResponderExcluira vida e cheia de dificudades pessoas tem sim um dom e claro mais isso não as torna. mais que vc. vocé deve pensar a penas assim se ele comseguil. eu tabem posso.porque não ha vitoria sem luta.
ResponderExcluirmuito bom!! tirei a maioria das minhas duvidas!! obrigada :)
ResponderExcluirMeu caro novo amigo.
ResponderExcluirGostei e muito do seu texto. É de um valor impar.
Eu estava me perguntando o que devo seguir: Letras ao qual eu amo de paixão e é o meu ponto forte em todos os concursos que eu presto, ou matemática que eu não tenho muita ou quase nenhuma afinidade.
Para todos que eu falo , vou fazer Licenciatura- Matemática, só ouço criticas. Matemática não é para você ! Você não leva jeito! Você não nasceu para isso! Tem que ter dom para cursar matemática.
Eu tenho uma intuição , algo dentro de mim que acredita que vai ser muito difícil, mas não impossível, muito trabalhoso , mas, não impossível.
Estava com essa dúvida. Letras ou Matemática?
Cheguei até me deixar ser vencidos por diversas vezes( não levo jeito mesmo, não tenho o dom para matemática, não nasci para isso...), mas lendo o seu texto me senti um personagem do seu texto , parece que eu estava lendo algo sobre a minha vida.
MEU CARO AMIGO. EMBASADO NA SUA IDEIA QUE VAI DE ENCONTRO À MINHA ,E SEGUINDO Albert Einstein QUE DIZ:
-Qualquer tolo inteligente consegue fazer coisas maiores e mais complexas. É necessário um toque de gênio -- e muita coragem para ir na direção oposta.
-“Qualquer tolo pode saber. A questão é entender.”..
Vou pelo que estou sentindo , vou na direção oposta e fazer Licenciatura - Matemática.
Com muito esforço e muito trabalho eu tenho certeza que eu vou consegui.
Abraços...........
Deus te abençoe.
Ailton Nascimento.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAchei esse blog por um acaso, pesquisando algo relacionado às aulas de Geometria do POTI, que ficaram disponibilizadas na internet.
ExcluirResolvi dar uma espiadela e achei uma coincidência (bem conveniente) o fato de existir uma postagem sobre algo que estava ocupando minha mente nesses últimos dias.
Apesar de ser razoável essa ideia de existir algo como "talento natural", também existem várias evidências de que o comportamento de um indivíduo hoje é resultado de uma série de estímulos que foram recebidos no passado, quer o indivíduo lembre-se de tal ou não. Devido a falta de evidências conclusivas, eu me vi obrigado a ter que tomar uma dessas ideias como verdade sem ter que argumentar, e preferi escolher a de que não existe "talento natural". Não deve ser difícil entender essa decisão: prefiro acreditar que tenho tanta capacidade de fazer qualquer coisa como qualquer outra pessoa, por mais injusta que a natureza possa ser algumas vezes.
Até agora essa filosofia de vida não me tem decepcionado. Decidi começar a desenhar, apesar de sempre ter sido um fracasso total. Comprei uma porrada de livros, vi vídeos na internet, desenhei muito e hoje (nem demorou tanto, isso foi só alguns meses depois) já escuto pessoas a dizer-me: "Nossa, você tem talento! Eu queria desenhar assim...". Infelizmente é difícil convencer as mesmas do meu ponto de vista.
Hoje começo também a ter raiva de pessoas que falam "ah, eu nasci assim, foi um talento que Deus me deu". Longe de querer envolver religião nessa discussão, eu apenas acho que a afirmação omite um pouco da verdade, pois desconsidera todo o treinamento árduo que a pessoa passou para conseguir ser "talentosa" daquele jeito (o que é justificável, pois quando se faz algo que gosta, nem parece que é treino), além do fato de que afirmações como estas podem ser desencorajadoras (falo isso por já terem desencorajado-me muitas vezes).
Enfim, fico feliz de saber que não sou o único "louco" a pensar desta maneira, e espero que as pessoas um dia abandonem essa ideia ultrapassada de que cada pessoa tem seu dom, e ao invés de passarem a vida procurando pelo seu dom natural (ou simplesmente jogar tudo pra trás e não ser bom em nada; quem precisa de dons quando existe TV? ;] ), que parem de inventar desculpas e trabalhem duro para serem habilidosas no que querem ser.