segunda-feira, 25 de outubro de 2010

História Real de um Estudante Fictício

O despertador toca pontualmente às seis da manhã. Por um breve momento, Fábio pensa em ceder à tentação de dormir “só mais um pouquinho”. Todavia, logo lembra-se do porquê decidiu acordar a esta hora e levanta-se, animado. Meia hora depois está no ponto de ônibus, fone do aparelho de mp3 nos ouvidos, o estômago momentaneamente saciado pelo pão com manteiga e o copo de leite achocolatado preparados, como todos os dias, por sua mãe.

Às sete horas e quarenta minutos ele desce do ônibus e caminha mais quinze minutos até a escola. Durante a quase hora e meia de trajeto, veio escutando o resumo de Língua Portuguesa e Literatura que ele mesmo gravou no mp3. Seus companheiros já estão sentados esperando-o quando ele chega à sala de estudos.

Sua família e seus amigos do bairro não entendem por que Fábio sai de casa todos os dias de manhã tão cedo se suas aulas no colégio começam uma e meia da tarde. Ele fala a respeito do quão altas e exigentes são suas metas, do quanto é necessário estudar o máximo possível. Mas não diz o que, no fundo, ele sabe ser o verdadeiro motivo, por saber que seria ainda mais inacreditável para eles: Ele gosta; mais do que isso, ama. Ama estudar.

Mais tarde, sentado em sua carteira, Fábio escuta atentamente, fascinado, seu professor de Física discorrer sobre alguma ideia brilhante de Newton, Gauss ou Einstein a respeito de como funciona nosso universo. Sua cabeça se enche de perguntas, apenas algumas das quais consegue colocar em palavras, e entre essas apenas uma ou duas tem coragem de formular em voz alta ao professor. Quando este o responde, o rapaz quase se assusta ao perceber o nível de discussão acadêmica ao qual foi capaz de chegar.

Há menos de dois anos Fábio era um adolescente absolutamente comum do subúrbio do Rio de Janeiro. A escola para ele era um pequeno inconveniente obrigatório que lhe tomava quatro ou cinco horas por dia, um pouco mais em vésperas de provas. Em breve, ele poderia estar seguindo um caminho similar ao de tantos de seus colegas de bairro: batalhar por emprego com pouco mais que o diploma de Ensino Médio no currículo.

O que mudou? Fábio decidiu acreditar no poder transformador da educação e investir em si mesmo. Em menos de dez anos será um líder altamente qualificado na carreira que decidir seguir.

A história de Fábio é fictícia, assim como o personagem e seu nome. Apesar disso, é uma história verdadeira. Publico-a como uma pequena homenagem a todas as pessoas que decidiram assumir a responsabilidade por seus próprios destinos e escolheram dedicar-se ao estudo de alto nível para transformar suas vidas.


(Adaptado de um texto de minha autoria publicado originalmente no jornal interno do Sistema ELITE de Ensino - RJ)

5 comentários:

  1. Luciano, considero encantador o modo como você relata o prazer de estudar. Ao ler esse post, fiquei pensando no quê mais, além de políticas públicas, é preciso para que um número mais crescente de jovens, como o Fábio, possam galgar importantes degraus na escala social.

    Eu acredito muito na força pessoal, no interior de cada indivíduo. Mas, muitas vezes, senão em quase todas as vezes, o jovem não tem qulaquer apoio familiar e muito menos das autoridades públicas constituídas, independentemente de partido.

    Creio que se houver algum apoio, pequenino que seja, muitos outros Fábios emergirão do anonimato para o bem não somentes deles próprios, o que já seria fenomenal, mas para o bem comum, para o bem da nossa pátria.

    Amigo, você me acende uma chama tão forte quando leio seus posts. Concordando ou não com você, a sua ligação com a educação me faz viajar e, busca de soluções.

    Grande abraço.
    Escreva mais, por favor.

    Rufino

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Parabéns Luciano. Tenho acompanhado este blog e estou muito contente com os artigos que tenho lido. Você tem sido um grande influente nessa minha caminhada pela matemática. Este último artigo toca num ponto importantíssimo do ensino. A consciência do aluno é de suma importância para o seu sucesso. Hoje em dia a distração e as inúmeras oportunidades de diversão tem afastado os jovens de seus estudos, muitas vezes causadas pela imaturidade e falta de orientação. Eu vim de um colégio particular onde nenhum professor de matemática me instruiu de maneira a mostrar o mundo lindo da matemática. Entrei pra faculdade sem saber o que era o IMPA e sem saber das olímpaidas de matemática. A uns 5 anos tenho corrido muito atrás disso e só tenho me encantado com o que vejo. Você também faz parte disso. Abraços e feliz ano novo. ass:Felipe Leite Granato.

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  4. Eu estudava matemática diferente, mas acho que o diferente é normal então eu realmente estudei matemática e preciso relembrar alguns tópicos porque era mais simples na época e hoje está mais difícil analisar matemática nas computações. =]

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  5. Olá, professor, Luciano. Sou aluna do curso de licenciatura em matemática da UPE (Universidade de Pernambuco). Venho através dessa mensagem pedir-lhe por favor e se possível a(as) bibliografia(s) contido no vídeo referente Função quadrática (parte 01 e 02) - IMPA (Janeiro/.2012), pois pretendo elaborar meu TCC em cima do conteúdo contido no vídeo "por que o gráfico de uma Função Quadrática é uma Parábola?". Preciso muito de vossa ajuda.
    Parabéns pelos belíssimos trabalhos.
    Felicidades todos os dias, Marcela Souza.

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